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Visita museus?
Quase nunca. Não vou ao Louvre há vinte anos. Já não me interessa por causa desta dúvida que tenho a respeito do valor desses julgamentos que decidiram que todos aqueles quadros deveriam ser expostos no Louvre em vez de colocar outros que nunca foram considerados e que poderiam lá estar. No fundo, as pessoas satisfazem-se muito bem com essa opinião de que existe uma espécie de paixão passageira, uma moeda baseada no gosto momentâneo; este gosto momentâneo desaparece e, apesar de tudo certas coisas ainda ficam. Isto não se explica muito bem e também não pode ser muito bem defendido.
No entanto aceitou que todas as suas obras ficassem num museu?
Aceitei porque existem algumas coisas práticas na vida que não se pode impedir. Não ia recusar. Poderia tê-las rasgado ou quebrado, o que seria também um gesto idiota.
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Quase nunca. Não vou ao Louvre há vinte anos. Já não me interessa por causa desta dúvida que tenho a respeito do valor desses julgamentos que decidiram que todos aqueles quadros deveriam ser expostos no Louvre em vez de colocar outros que nunca foram considerados e que poderiam lá estar. No fundo, as pessoas satisfazem-se muito bem com essa opinião de que existe uma espécie de paixão passageira, uma moeda baseada no gosto momentâneo; este gosto momentâneo desaparece e, apesar de tudo certas coisas ainda ficam. Isto não se explica muito bem e também não pode ser muito bem defendido.
No entanto aceitou que todas as suas obras ficassem num museu?
Aceitei porque existem algumas coisas práticas na vida que não se pode impedir. Não ia recusar. Poderia tê-las rasgado ou quebrado, o que seria também um gesto idiota.
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Marcel Duchamp, Engenheiro do tempo perdido, entrevista com Pierre Cabanne, 1967, (tradução de António Rodrigues), Lisboa, Assírio Alvim, 1990, p. 111.
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