11/05/2008

Atrás de uma onda existem oceanos

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É frequente perguntar-se a um artista contemporâneo com algum tom de dúvida:
Tens continuado a trabalhar? Quando fazes uma exposição?
Pode-se responder sim!
Mas a pergunta transporta dentro de si uma paisagem obscurecida acerca da produção artística.
A produção artística guia-se apenas por um conceito, up-to-date (adj.) ou update (verb.) e considera-se isso muito natural.
Talvez o seja! Não serei eu a dizer que não, continue-se!
O modo de estar no nosso tempo, guiado pelo conceito de up-to-date, coresponde ao anseio da permanente sintonia com o mundo, que se atinge adquirindo meios pela via do consumo, desvalorizando as formulações de comunicação das pessoas singulares em relação às formulações de comunicações das pessoas colectivas e privilegiando a ditadura da moda através de periódicas actualizações, angustiantes e efémeras, e subordinada a sub-categorias de movimentos, de ondas e de vanguardas (Gilles Hipovetsk, Império do Êfemero, Lisboa, Pub. D. Quixote, 1989) .
Mas existem outros modos de estar que se orientam pela investigação e experimentação, e pela aquisição de conhecimentos pela via do saber, elevando as singularidades das múltiplas expressões individuais.

Tendo naturalmente uma diminuta visibilidade e pouco reconhecimento, não significa a sua inexistência.
Antes pelo contrário: atrás de uma onda efémera existe a perenidade dos oceanos.
(I.Salt.2008)
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video, I.Salt.2008

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