É ESTRANHO
I
I
São estranhos os encontros não esperados,
Estranho será TUDO o que não se conhece,
NADA é importante, mas TUDO é muito importante,
Cada DECISÃO por si não pesa, um milhão de DECISÕES pesam muito.
Cada obra é um mundo em precedência.
Aparentemente tudo se sabe: diversidade de matérias, diversidade de pontos de vista, diversidade de histórias… mas depois já NADA será igual porque se inicia um percurso solitário através das sensações absorvidas que são inevitavelmente inquietantes e actuantes.
E se tal não acontecer… não aconteceram.
E é esse desconhecimento inquietante que reconstruirá os objectos que delimitam a humanidade e mapeiam o mundo de cada um de nós.
II
Apesar de conhecer pessoalmente todos os nomes aqui presentes e de em alguns casos participar na cumplicidade do seu processo criativo e saber que cada um possui a sua verdade estruturante, o inquietante é desconhecer o que acontecerá depois.
O conjunto de trabalhos reunidos nesta exposição, intitulada «é estranho», resulta da continuação do trabalho de parceria entre o Instituto Superior de Economia e Gestão e a Faculdade de Belas Artes.
Os factores que nos conduziram à selecção dos projectos expostos, diversos nos modos e nos processos individuais, resultam do entendimento da «coisa» artística sob um ponto de vista cultural e não apenas formal, da clara percepção da importância da dúvida na formulação de interrogações e na obtenção de respostas, da clara observância de que as formas em vez de serem vistas como um resultado da causa são sobretudo consequentes, e do pensamento sobre a constante, e por vezes absurda, necessidade de inventar novos modos de transformar a matéria.
A necessidade antecede a explicação.
III
A uni-los, talvez apenas esteja o meu olhar:
Em Anabela Mota impressionou-me a poética dos lugares e da luz,
Em Andreia César, a persistência expressiva dos papéis pintados de negros, cruzando horizontais com verticais, com sucessivas sobreposições e ocultações que desvendam paisagens impossíveis,
Em Carolina Quirino, uma linha que define formas contrastantes, umas após outras, num jogo onírico de possibilidades infinitas,
Em Eduardo Fonseca impressionou-me a simplicidade foto-pictural, a lógica dos momentos parados no tempo e a construção da pintura de acordo com os princípios do desenho,
Em Ivo Rodrigues, a matéria transformada pelo fogo e a reconstituição e multiplicação dos fragmentos de um rosto desconhecido.
Em Joanne Hovencamp, a pedra transfigurada em homem, em corpo, arquitectónica, como suporte perene do pensamento,
Em João Maciel, a acção e intervenção através da reflexão entre exterior e interior, recolectando, transformando e (re)presentando verdades,
Em Roberto Caló, uma volumetria dada pela luz que ilumina expressões e anatomias desconfortantes,
Em Sara Morais, registos de sugestivos corpos sãos, saudáveis, fortes e belos, mas fragmentados no tempo e no espaço.
IV
O mundo não é plano, ao contrário do que se pode pensar.
É óbvia a facilidade da comunicação através das grandes redes de sistemas que hoje dominam e nivelam o mundo. As distâncias são mais fáceis e curtas. As diferenças culturais esbatem-se, perigosamente!
Porque nem o mundo, nem muito menos a arte, são bidimensionais. Essa bidimensionalidade apregoada há muito como um paraíso global, conduziu a arte por modelos universalmente centralizados e tendencialmente provocadores de um pensamento desumanizado, porque está focalizado numa espécie de fast art como solução ideal.
Mas é a multidiversidade de processos e a legitimidade de cada um deles, que garantem a liberdade de construir e de existir e consequentemente o factor humano ao nosso tempo.
Assim, este conjunto de obras é apenas uma pequena parte do tesouro colectivo multidiverso, construído por qualquer estranha necessidade que antecede qualquer explicação.
Estranho será TUDO o que não se conhece,
NADA é importante, mas TUDO é muito importante,
Cada DECISÃO por si não pesa, um milhão de DECISÕES pesam muito.
Cada obra é um mundo em precedência.
Aparentemente tudo se sabe: diversidade de matérias, diversidade de pontos de vista, diversidade de histórias… mas depois já NADA será igual porque se inicia um percurso solitário através das sensações absorvidas que são inevitavelmente inquietantes e actuantes.
E se tal não acontecer… não aconteceram.
E é esse desconhecimento inquietante que reconstruirá os objectos que delimitam a humanidade e mapeiam o mundo de cada um de nós.
II
Apesar de conhecer pessoalmente todos os nomes aqui presentes e de em alguns casos participar na cumplicidade do seu processo criativo e saber que cada um possui a sua verdade estruturante, o inquietante é desconhecer o que acontecerá depois.
O conjunto de trabalhos reunidos nesta exposição, intitulada «é estranho», resulta da continuação do trabalho de parceria entre o Instituto Superior de Economia e Gestão e a Faculdade de Belas Artes.
Os factores que nos conduziram à selecção dos projectos expostos, diversos nos modos e nos processos individuais, resultam do entendimento da «coisa» artística sob um ponto de vista cultural e não apenas formal, da clara percepção da importância da dúvida na formulação de interrogações e na obtenção de respostas, da clara observância de que as formas em vez de serem vistas como um resultado da causa são sobretudo consequentes, e do pensamento sobre a constante, e por vezes absurda, necessidade de inventar novos modos de transformar a matéria.
A necessidade antecede a explicação.
III
A uni-los, talvez apenas esteja o meu olhar:
Em Anabela Mota impressionou-me a poética dos lugares e da luz,
Em Andreia César, a persistência expressiva dos papéis pintados de negros, cruzando horizontais com verticais, com sucessivas sobreposições e ocultações que desvendam paisagens impossíveis,
Em Carolina Quirino, uma linha que define formas contrastantes, umas após outras, num jogo onírico de possibilidades infinitas,
Em Eduardo Fonseca impressionou-me a simplicidade foto-pictural, a lógica dos momentos parados no tempo e a construção da pintura de acordo com os princípios do desenho,
Em Ivo Rodrigues, a matéria transformada pelo fogo e a reconstituição e multiplicação dos fragmentos de um rosto desconhecido.
Em Joanne Hovencamp, a pedra transfigurada em homem, em corpo, arquitectónica, como suporte perene do pensamento,
Em João Maciel, a acção e intervenção através da reflexão entre exterior e interior, recolectando, transformando e (re)presentando verdades,
Em Roberto Caló, uma volumetria dada pela luz que ilumina expressões e anatomias desconfortantes,
Em Sara Morais, registos de sugestivos corpos sãos, saudáveis, fortes e belos, mas fragmentados no tempo e no espaço.
IV
O mundo não é plano, ao contrário do que se pode pensar.
É óbvia a facilidade da comunicação através das grandes redes de sistemas que hoje dominam e nivelam o mundo. As distâncias são mais fáceis e curtas. As diferenças culturais esbatem-se, perigosamente!
Porque nem o mundo, nem muito menos a arte, são bidimensionais. Essa bidimensionalidade apregoada há muito como um paraíso global, conduziu a arte por modelos universalmente centralizados e tendencialmente provocadores de um pensamento desumanizado, porque está focalizado numa espécie de fast art como solução ideal.
Mas é a multidiversidade de processos e a legitimidade de cada um deles, que garantem a liberdade de construir e de existir e consequentemente o factor humano ao nosso tempo.
Assim, este conjunto de obras é apenas uma pequena parte do tesouro colectivo multidiverso, construído por qualquer estranha necessidade que antecede qualquer explicação.
Ilídio Salteiro, Abril de 2012
ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão
Inauguração: dia 27 de Abril de 2012, às 21 horas.
Horário: de 4ª a 6ª das 9h às 21h e sábado das 9h às 14h
Morada: Rua do Quelhas, 6 - 1200-781 Lisboa
Telefone: +351213925800
Inauguração: dia 27 de Abril de 2012, às 21 horas.
Horário: de 4ª a 6ª das 9h às 21h e sábado das 9h às 14h
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