09/06/2021

Ecos que ainda soam

 


Ilídio Salteiro, Ecos que ainda soam, 2021.Óleo sobre tela, 60 cm x 80 cm

A importância da investigação é crucial para que se cumpra e desígnio do ensino universitário. Um desígnio que se fundamenta na investigação e não na cartilha ou manual escolar. Um desígnio que eleva o livre arbítrio e não se deixa subordinar por regras, normas, definições, conceitos ou preconceitos.

Todos sabemos da importância da investigação, do estudo, da pesquisa, mas, quando falamos de investigação, seja em que ramo do conhecimento for, estamo-nos a referir apenas a metodologias. Porque o mais relevante são os resultados, os produtos, as conclusões ou sejam, as hipóteses de novos rumos que se vão colocando, que se delineiam, planificam e partilham.

No quadro deste reconhecimento e no momento atual e específico, quando se pensa numa escola de Belas Artes integrada numa Universidade, é muito necessário considerar tanto a investigação em contexto universitário, como o pragmatismo comercial e empresarial do mundo da arte.

Falando metaforicamente é necessário considerar o laboratório farmacêutico em paralelo com a farmácia. Ou seja, distinguir o produto de consumo da investigação que lhe deu origem. Ambas possuem de valores que se complementam, mas não podem ser considerados com os mesmos parâmetros.

Por um lado, temos o conhecimento original, por outro lado temos um número infindável de aplicações.

O produto vive da concorrência, da procura, da raridade, da funcionalidade e da existência de um sistema exterior, capitalista, liberalista ou outro.

A Investigação vive da pergunta, da experiência e da resposta. Inicia-se uma investigação por causa da vontade de saber, de conhecer, de descobrir, de viver. Vive do pensamento racional, emotivo, intuitivo, contraintuitivo. Vive de experiências exitosas ou falhadas. Vive de muitas perguntas (muito mais perguntas do que respostas). Vive do fazer fazendo, descodificando, descobrindo os rumos que a Vida toma.

Ilídio Salteiro

Lisboa, junho 2021.


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