Em Ojós, uma pequena cidade na região norte de Murcia, em
Espanha, realizou-se nos dias 11, 12 e 13 de outubro de 2018 o I Congresso
Internacional Arte, Naturaleza y Paisaje en el Mediterrâneo (https://www.artenaturalezapaisaje.com/).
No seio de uma paisagem surpreendentemente expressiva,
simultaneamente agreste e fértil, permanente mente desenhada por sombras de
montanhas projetadas sobre vales, sinalizou-se o Mediterrâneo como espaço de
limites e fronteiras (Nélida
Mendoza, Colgando
Paisajes), falou-se dos elementos naturais em confronto com
conceitos artificias de paisagem fabricada (José María Egea Fernández, Paisaje agrario e identidad territorial), referiram-se
soluções de educação no formal no âmbito da relação professor – artista (Lucia Loren, Arte, paisaje y educación
desde un prisma eco-social), sublinhou-se a importância dos
pequenos núcleos museológicos (Carmen Berrocal Caparrós, Street Art y Patrimonio. Campaña de divulgación del patrimonio
paleontológico de Cueva Victoria a través del arte callejero en el paisaje
urbano de la Diputación de El Beal), salientou-se o valor
humanista da ação artística no contexto da cultura ocidental e do pensamento e
arte contemporâneos apresentando-se soluções em curso para a sustentabilidade
dos patrimónios naturais e paisagísticos (Giacomo Bianchi, Il progetto di Arte Sella ed il suo impatto sul territorio" ou João Castro Silva, La Luzlinar y el Jardín de las
Piedras. Un proyecto de actuación artística a cielo abierto).
Dias intensos de diálogos e apresentação de muitas ideias e
projetos que visam consolidar, em torno do Mediterrâneo, os valores
civilizacionais que hoje perigam.
As questões da ecologia e da sustentabilidade, do património
cultural passado e da educação, e a produção artística contemporânea como a
produção do património cultural futuro, estiveram presentes em todas as
comunicações.
De facto, a importância da preservação da memória para a
construção de futuros humanistas terá sido a mais-valia retirada deste encontro
de pessoas em momento de partilha das matérias das suas investigações.
Será bom que este 1º congresso seja impulsionado para a
realização de muitos mais, com a periodicidade que a logística dos meios
possibilitar, porque o Mediterrâneo é o berço civilizacional onde residem as raízes
da nossa cultura. No início do século XXI surgiram alguns movimentos que vêm
esta água e estas margens como um todos rico na diversidade com urgência em ser
pacificado. Salientamos Love Difference,
uma iniciativa de Miguel Angelo Pistoleto (http://www.lovedifference.org/)
e a Fundación Tres Culturas (http://tresculturas.org/)
Ojós é, na realidade, um oásis, juntamente com Archena, Ulea,
Blanca e Ricote. Mas metaforicamente também o é, neste tempo de conflitos
ambientais e politicos de toda espécie. Oásis onde o pensamento sobre Natureza,
Paisagem e Mediterrâneo são o fator aglutinador de concórdias entre diferentes
pontos de vistas. É este o valor maior da Arte.
Na Natureza os territórios, as fronteiras e os limites são elementos
de discórdias. Mas as paisagens são a perceção global do todo, o entendimento
do outro, porque aquilo que espirito abarca nunca possui fronteiras geográficas
nem limites.
Aguardamos os próximos congressos.
Ilídio Salteiro, 2018.