“FRAGMENTOS”
pintura e desenho de RAUL PEREZ
A fundação Dom Luís I,
em Cascais, abriu-nos as portas no dia 24 de Fevereiro para a exposição
“fragmentos” pintura e desenho de Raul Perez.
Num primeiro olhar
sobre as obras expostas, evidenciam-se varias secções; Tinta da china sobre
papel; gravura; óleo sobre tela. Todas elas com formatos e molduras diferentes.
No percorrer do espaço, sente-se uma melancolia nas obras como uma estranha
sensação de de um sonho rematado por traços finos que constroem espaços arquitectónicos que transfiguram as naturezas mortas sugerindo uma narração difícil de
desvendar. Só mais tarde numa conversa com Raul Perez é que se confirma a
misticidade das obras quando o próprio principia a discussão sobre as obras com
a pergunta: “que tipo de pintura acabaram de ver?”
A conversa que se
seguiu foi a resposta à questão anteriormente feita. O artista revela que as
suas obras são instrumentos do seu inconsciente, pois, são manipulações de
tinta que se traçam segundo um preenchimento mecânico. Isto é, o artista está
fora de si, quando pinta, é um ato puramente irracional. “A razão engendra
monstros” cita Goya aprofundando a sua postura inconsciente perante as obras.
Tudo o que pinta são sonhos que não são sonhados. Revela talvez uma obsessão em
materializar o que não controla, intitula-se como o “caçador dos seus próprios
sonhos”. Remata assim, a importância do dualismo pessoal (o que temos
exteriormente e interiormente).
O artista termina
sugerindo o abandono da razão perante a pintura, para que, a criação artística seja
imune a todas as definições que nos são provocadas pelo tempo. Como um
verdadeiro sonho não sonhado que é sempre livre.
Mariana Scarpa, Lisboa, 2016