21/12/2014
18/12/2014
Retábulo - Casa de Santos
...Quando vemos ou ouvimos o
sino de uma qualquer torre de igreja, a nossa atenção é convocada para um lugar
e uma arquitetura diferentes de tudo o resto. O nosso pensamento desloca-se
inevitavelmente para o espaço interior que um templo delimita e para as coisas
sagradas que guarda. Coisas visuais feitas de cores, texturas e formas,
permanentemente cuidadas e usufruídas por comunidades regionais com consciência
do «valor essencial» e do «bem coletivo» que possuem....
06/07/2014
Colonos e periferias
Numa conversa de corredor
De conteúdo sério que há muito se desvaneceu
O que me sobressaiu foi uma afirmação entre vírgulas.
..., Eu até sei pintar!,...
Uma interrogação:
Que coisa grande e recente estará por detrás desta afirmação?
Só hoje a descobri.
E confirmei!
A obra existe e produz efeito muito antes de ser vista.
Antes tinha percorrido a livraria do CCB
Livro após livro, lombada após lombada, tudo foi visto.
Tudo em língua inglesa, pouco em francês.
E nenhum sobre assuntos e autores portugueses
Duas exceções: dois artistas portugueses escritos em inglês.
Uma livraria igual a todas as livrarias de qualquer museu ou
centro cultural à moda da Europa ocidental.
Mas pior por ser muito menor e pouco atualizada.
Conclusão:
Não temos artistas portugueses, não temos arte portuguesa,
não temos cultura portuguesa.
Minto: temos dois!
Alegremente, aceitamos ser PERIFERIA. Aceitamos
reconhecidamente a paternidade do COLONO inteligente, iluminado e nosso amigo.
Um perigo mascarado de internacionalização.
02/07/2014
Santa Bárbara de Nexe
I.Salteiro, 2014
Santa Bárbara de Nexe
Apesar de o mundo ser simultaneamente
imenso,
macro
e heterogéneo,
tentam fazer-nos passar
a ideia
de que ele é global,
plano
e homogéneo.
E quase sempre o
conseguem, com muito êxito!
Esta circunstância cria
a perigosa sensação de conhecermos o mundo,
quando afinal o que
conhecemos
são,
quando muito,
pequenas versões desse mundo.
Mas são estas «versões»
a imposição
com a qual intimamente
me insurjo.
Prefiro ser livre!
Somos um centro do mundo
e temos direito à nossa
versão do mundo.
É muito difícil
compreender por que razão nos escusamos a aceitar esta verdade tão óbvia, para
aceitarmos,
por questões de mero
comodismo,
as versões do mundo dos
outros.
Admitindo sermos vulgares
habitantes da caverna de Platão.
O que não devemos
ser!.....
Ilídio Salteiro, 2014.
14/05/2014
Aberto Caeiro, Seja o que for que esteja no centro do Mundo......
Alberto Caeiro
Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.
Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?
Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.
Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo
Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"
Se é mais certo eu sentir
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.
Mas por que me interrogo, senão porque estou doente?
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.
Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.
Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.
Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?
02/05/2014
Diego Velázquez - Las hilanderas ou La fábula de Aracne, 1660.
How many solutions has the world?
Diego Velázquez.
Las hilanderas ou La fábula de Aracne, 1660.
Óleo sobre tela, 220 cm x 289 cm.
Ilidio Salteiro, 2014
26/04/2014
Diego Velázquez, A Fábula de Aracne, 1660
Diego Rodríguez de Silva y Velázquez, Las hilanderas, o La fábula de Aracne, 1655
– 1660.
Óleo sobre Lienzo, 220 cm x 289 cm.
O mito clássico de Aracne segundo
a narrativa de Ovidio (Metamorfosis, Libro VI, I)
14/04/2014
11/04/2014
09/04/2014
29/03/2014
Segurança? (III)
Safety in Numbers?
Um artigo publicado na Frieze, março 2014.
www.frieze.com/issue/article/safety-in-numbers/
Algorithms, Big Data and surveillance: what’s the response, and responsibility, of art? Jörg Heiser asked seven artists, writers and academics to reflect.
JORDAN ELLENBERG
In the current moment, we are experiencing a sense of
being tracked and measured by a cabal of machines whose genius is to distil the
particulars of our lives into a substance called ‘data’. The machines (and by extension their handlers) then use this
data to make inferences about our behaviour, our associations and our beliefs –
information that we haven’t intentionally revealed or which we perhaps don’t even
have access to ourselves.
Spooky, right? And seemingly antipodal to the kind of
insight that art is supposed to provide: mechanical where art is human,
repetitive where art is inventive. The machines that watch us can seem like
H.G. Wells’s Martians: ‘minds that are to our minds as ours are to those of the
beasts that perish, intellects vast and cool and unsympathetic’ which peer down
at the aggregate trail we leave in the informational substrate, and thus at us,
‘as a man with a microscope might scrutinize the transient creatures that swarm
and multiply in a drop of water’.
But what machines do with data is not so foreign. It
appears foreign, because when we talk about data we do so in the language of
mathematics: loss functions and kernels, logistic regression and Greek letters.
The language presents the same kind of difficulty for outsiders as the
international art-speak found on museum wall texts.
Quantitative surveillance has two main goals: to
classify and, having classified, to predict. And prediction comes down to this:
people are likely to do things in the future that people like them did in the
past. This principle – that we have tendencies, which are not inescapable but
which take some work or some luck to escape – is not the property of mathematicians.
How would novels function without it?
And the project of classification – which is to say
all the work that’s hidden in the word ‘like’ or the phrase ‘people like them’
– is nothing more than the project of analogy, which asks us to set aside the
boring observation that no two human beings (and, likewise, no two moments in
time, no two societies etc.) are identical to each other, and replace it with a
suite of more interesting questions, such as: in the space of human beings,
which people are near each other? Or, when are two things alike, in ways beyond
the obvious ones? That, of course, is a traditional artistic project too.
Big Data, automated behaviour prediction and
classification relate to traditional art forms as photography does to drawing and
painting. Photography isn’t there to replace artistic representation; in some
of its manifestations it’s a new form of artistic representation, and in all
its forms it’s something art can talk about, without acquiring expertise in
photoreactive chemistry or digital compression algorithms. It will be the same
story here.
And if you regard surveillance as a thing to be
resisted, take some comfort from the fact that Wells’s Martians were eventually
felled by terrestrial microorganisms. They were different from us on the
surface. But on the inside, where they were vulnerable, they were built much as
we are.
Jordan Ellenberg is Professor of Mathematics at the
University of Wisconsin, USA. He is a regular columnist forSlate and his book How
Not to Be Wrong (Penguin, 2014) is forthcoming.
27/03/2014
26/03/2014
Segurança? (II)
Safety in Numbers?
Um artigo publicado na Frieze, março 2014.
www.frieze.com/issue/article/safety-in-numbers/
Algorithms, Big Data and surveillance: what’s the response, and responsibility, of art? Jörg Heiser asked seven artists, writers and academics to reflect.
LAURA POITRAS
In a top-secret strategy paper published by The
New York Times in November, the US National Security Agency (NSA)
describes its current surveillance powers as ‘The Golden Age’(1) of signals
intelligence. This ‘Golden Age’ is one where our past is recorded and digitally
stored and our future is predicted. It is a system that seeks to know our
friends and networks, physical location, biometric data and what we read and
write. It is a system with ‘selectors’ and algorithms that watch our private
communications moving across the internet to build graphs which identify us as
‘targets’ for further, more invasive, forms of surveillance. Its goal is the
‘mastery’ of global communications.
This document and thousands more disclosed by Edward
Snowden reveal a fundamental threat to freedom.
As George Orwell and Michel Foucault both noted, one
of the goals of surveillance is to get inside our heads. They don’t have to be
watching – we just need to imagine they are. Every time we think twice before
entering a search term, distance ourselves from a person or topic that might be
targeted or censor our words, they win.
Surveillance targets our ability to think, create and
associate freely. When I sat down to write this, I disconnected my computer
from the internet to avoid my writing – the private process of formulating
ideas on a page – being monitored.
As surveillance powers expand, so will the circle of
people and activities monitored. I have no doubt we will see an increase of
surveillance-themed art work, but that misses the larger point. Snowden not
only revealed vast secret surveillance programmes, he revealed state control
and the power of the individual to resist it. Artists can respond by doing work
that resists control and conformity wherever it is encountered. Our responsibility as citizens is to make sure the
next generation does not have to censor its thoughts, actions and imaginations.
(1) ‘A Strategy for Surveillance Powers’, The
New York Times, 23 November 2013.
Laura Poitras is a filmmaker and journalist. She is
currently reporting on NSA abuses disclosed to her by Edward Snowden, and
editing the final instalment in a trilogy of films about post-9/11 America that
will focus on surveillance.
25/03/2014
Segurança? (I)
Safety in Numbers?
Um artigo
publicado na Frieze, março 2014.
www.frieze.com/issue/article/safety-in-numbers/
Algorithms, Big Data and surveillance: what’s the
response, and responsibility, of art? Jörg Heiser asked
seven artists, writers and academics to reflect.
Trevor Paglen, They Watch the Moon, 2010
TREVOR PAGLEN
Something fundamental is changing in the world of
images, and in the landscape of seeing more generally. We are at the point
(actually, probably long past) where the majority of the world’s images are
made by-machines-for-machines. In this new age, robot-eyes, seeing-algorithms
and imaging-machines are the rule, and seeing with the meat-eyes of our human
bodies is increasingly the exception.
Machines-seeing-for-machines is a ubiquitous
phenomenon, encompassing everything from infrared qr-code readers at
supermarket check-outs to the Automatic Number Plate Recognition (ANPR) cameras
on police cars and urban intersections; facial-recognition systems conduct
automated biometric surveillance at airports, while department stores intercept
customers’ mobile-phone pings, creating intricate maps of movements through the
aisles. Beyond that, the archives of Facebook and Instagram hold hundreds of
billions of photographs, which are trawled by sophisticated algorithms
searching for clues about the behaviours and tastes of the people and scenes
depicted in them. But all of this seeing, all of these images, are essentially
invisible to human eyes. These images aren’t meant for us: they’re meant to do
things in the world; human eyes aren’t in the loop.
All of this is new. Although Guy Debord’s spectacle
society has certainly not gone anywhere, the advent of ‘operationalized’
images is upon us. The 21st-century landscape of images and seeing-machines
directly intervenes in the surrounding world. Seeing-machines do
things-in-the-world not through the subtle ideologies of visual mythmaking and
fetishism, but through quantification, tracking, targeting and prediction.
How do we begin to think about the implications on
societies at large of this world of machine-seeing and invisible images?
Conventional visual theory is useless to an understanding of machine-seeing and
its unseen image-landscapes. As for art, I don’t quite know, but I have a
feeling that those of us who are interested in visual literacy will need to
spend some time learning and thinking about how machines see images through
unhuman eyes, and train ourselves to see like them. To do this, we will
probably have to leave our human eyes behind. A paradox ensues: for those of us
still trying to see with our meat-eyes, art works inhabiting the world of
machine-seeing might not look like anything at all.
Trevor Paglen is an artist.
24/03/2014
22/03/2014
21/03/2014
Publico das coisas da arte & religião alternativa para ateus
«One theme
that runs through the narratives of Seven
Days in the Art World is that contemporary art has become a kind of alternative
religion for atheists» (Sarah Thorntom, Seven Days in the Art World, W.W.
Norton Company, 2008, p XIV).
Sendo Portugal um povo de formação eminentemente cristã,
percebe-se porque não existe público para «as coisas da arte.»10/01/2014
Takashi Murakami’s New York Studio Is Definitely Not Psychedelic
Japanese
Superflat founder Takashi Murakami’s New York studio and office, an
outpost of his company Kaikai Kiki, is pretty much the opposite of the artist’s
crazily colorful, hallucinogenic work. The building, created by HWKN architects,
is elegantly minimal, precisely controlled, and flexible for art production
purposes.
04/01/2014
02/01/2014
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Mundo Novo & Natura Naturans
Exposição de Ilídio Salteiro e Dora Iva Rita no Salão da SNBA, Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, de 6 de fevereiro a 2 de março ...
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AS COISAS QUE EU FAÇO E DESENHO Obras de Dora Iva Rita Em primeiro lugar, há que andar um pouco à roda da palavra «coisas»… Coisas vivas...
-
Por João Paulo Queiroz Fig. 1. Ilídio Salteiro, Babel (2) , 2017. Óleo sobre tela, 150 cm x 200 cm. Coleção B.E Neste...